Projeto de “eco-hotel” de 1,3ME vai nascer em Santiago do Cacém
Um ‘eco-hotel’ centrado no turismo sustentável e na economia circular vai ser construído no concelho de Santiago do Cacém (Setúbal, num investimento de 1,3 milhões de euros, previsto abrir no próximo ano, revelou a empresa promotora.
O projeto vai ser desenvolvido pela empresa Tellus Origo,
em parceria com a empresa Reframe Arkitektur (Noruega), e tem como objetivo
“criar um ‘eco-luxury hotel’”, na zona da freguesia de São Francisco da Serra,
no interior do concelho de Santiago do Cacém.
A unidade “servirá como uma instalação-piloto de turismo sustentável em Portugal, implementando os princípios da economia circular”, indicou a Tellus Origo, em comunicado enviado à agência Lusa.
A cofundadora da empresa, Laura Moreira, revelou hoje à Lusa que o empreendimento baseia-se no conceito de economia circular, “desde o design, ao nível de arquitetura, ao número de quartos, aos materiais usados e às técnicas de construção”.
Designado como Tellus – Rethinking Tourism, o projeto “nasceu em 2019” e foi um dos oito vencedores do concurso da economia circular da EEA Grants Ambiente, Mecanismo Financeiro Plurianual, que visa desenvolver ações para reduzir disparidades sociais e económicas na Europa, tendo garantido um financiamento de 500 mil euros.
A empresa prevê que a obra possa arrancar no próximo mês de julho, estando prevista a inauguração do futuro ‘eco-hotel’ em abril de 2022.
A futura unidade, que vai ter uma área de implantação de 840 metros quadrados, vai “nascer” num terreno com cerca de 4,1 hectares, com recurso a novas técnicas de construção e sem a utilização do tijolo.
“Não vamos utilizar tijolo, que tem uma pegada ambiental muito grande, assim como o cimento. Após muita investigação, decidimos optar por painéis de palha prensada e madeira, feitos com 100% de matéria orgânica e com selos de qualidade”, adiantou Laura Moreira.
A empresa pretende ainda “utilizar madeira na estrutura e cimento, com preocupações ambientais, para algumas fundações”, acrescentou.
O projeto, argumentou, é considerado uma instalação-piloto de turismo sustentável porque recupera “uma tradição alentejana” que passa pela “utilização da palha juntamente com a taipa” na construção de habitações.
“Evoluiu agora para ser feito de forma mecanizada” sendo “possível construir um hotel com este tipo de painéis, cujo licenciamento é único, com uma estrutura em madeira, utilizando um pouco de cimento nas fundações”, precisou.
O ‘eco-hotel’ vai contar com 12 quartos de duas tipologias (suítes e casas), divididos por cinco edifícios, uma zona de bar e de restauração, uma piscina “sem cloro”, spa, várias zonas de lazer e percursos com atividades de turismo de natureza.
“Temos também uma parte de ações de formação e ‘workshops’ na área da economia circular, turismo sustentável e regenerativo, compostagem e desperdício alimentar, observação de aves e de plantas, artes e ofícios locais, experiências de comida vegana e provas de vinhos”, destacou.
A área envolvente “vai ser mantida o mais virgem possível” e, nas zonas de lazer, “serão adicionadas plantas autóctones, envolvendo a vegetação existente, como sobreiros, carvalhos e medronheiros”, avançou.
Ainda de acordo com a responsável, o projeto aposta na energia solar, recolha de água pluvial, painéis solares de aquecimento termal, compostagem e numa pequena horta.
Com os olhos postos no "mercado europeu e americano", a empresa “alinhou a estratégia de marketing”, devido à pandemia de covid-19, para “não descurar também o mercado português”, disse.