Em declarações à agência Lusa, José Paulo Tavares, gerente de uma sociedade dona da maioria dos terrenos deste projeto, argumentou que, no âmbito da alteração do PDM em curso, a gestão CDU terá apresentado uma proposta que “corta dois terços” dos fogos previstos.

“O plano [de pormenor] demorou 20 anos a fazer e está estruturado para ser rentável. Se o cortam, como estão a querer cortar, se calhar, até pode nem haver projeto”, avisou o responsável.

O projeto urbanístico, denominado “Moinho 2”, prevê a construção de 950 fogos num terreno, na periferia da cidade, com uma área de 30 hectares, dos quais 28 hectares são propriedade desta sociedade, a NT Imóveis.

Segundo José Paulo Tavares, o plano de pormenor, sugerido pelo município e pago pelos donos dos terrenos, está aprovado pela câmara e publicado em Diário da República desde 2012, mas o projeto tem sido adiado, primeiro devido à crise financeira e, mais recentemente, por causa da pandemia de covid-19.

Atualmente, já há “promotores que querem investir, gastar ali o seu dinheiro e desenvolver Évora”, quer investidores nacionais, quer estrangeiros, salientou, criticando supostos entraves colocados pela autarquia.

Por sua vez, o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, eleito pela CDU, vincou à Lusa que o município cumpre “integralmente” o plano de pormenor da zona que está aprovado e negou que tenham sido propostas alterações.

“O que temos feito é exigir que o plano de pormenor seja cumprido”, acrescentou, frisando que um outro promotor, uma cooperativa de habitação, é que pediu que seja alterada a configuração de um acesso desde o parque industrial à futura zona urbanizada.

No plano de pormenor, de acordo com o autarca, consta a construção de uma passagem subterrânea, mas, recentemente, esta cooperativa propôs que seja feito um viaduto por cima da ferrovia.

“No mínimo, tem que se ouvir a Infraestruturas de Portugal sobre essa alteração ao plano de pormenor, proposta por eles, não por nós. Portanto, é falso que haja da nossa parte qualquer alteração ao plano”, sublinhou.

Já o gerente da NT Imóveis assinalou que “mais de 30%” dos fogos destinam-se a custos controlados e deixou um lamento: “Aparece sempre por parte do poder político ligado ao PCP alguma coisa nova no sentido de inviabilizar” o projeto.

“Ora se faz de uma maneira, ora se faz de outra, ora se inventa que as pessoas não fazem, ora se inventa uma passagem, ora se inventa que existe uma lei, ora se inventa que afinal está mal feito. O interesse é não fazer”, criticou.

O autarca também deixou críticas: “Os promotores não deram um passo para concretizar o projeto até 2021/2022 e o que é facto é que, 10 anos depois do plano de pormenor, ainda não tinha sido feito nada para promover o empreendimento”

Lembrando que “Évora carece enormemente de habitação” e a que existe é cara - há quem pague “900 euros por mês, sem contrato, por um [imóvel de tipologia] t3”, exemplificou -, José Paulo Tavares defendeu que “o desenvolvimento da cidade depende do desenvolvimento da parte imobiliária”.

Quanto à alteração da passagem subterrânea para a construção de um viaduto sobre a linha ferroviária, o responsável admitiu retirar a proposta desde que “o projeto tenha a dimensão que estava programada”.

O gerente da sociedade criou uma página na rede social Facebook intitulada “Juntos pela Habitação Acessível” e lançou a petição “Salvar a construção do projeto habitacional ‘Moinho 2’”, que já conta com 350 assinaturas.


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