Segundo a APCP os relatos que chegam “mostram, por um lado, a evidente escassez de recursos humanos, e, por outro, a falta de competências adequadas para responder às necessidades dos doentes e famílias” e aponta como exemplo “o tempo de espera pela primeira consulta de cuidados paliativos, que muitas vezes demora além do tempo de vida do doente” ou ainda “o tempo de espera para uma vaga numa unidade especializada em cuidados paliativos”

De acordo com a APCP também os profissionais que trabalham nesta área clínica demonstram o cansaço das equipas com a rotatividade a que estão sujeitas, levando a falhas graves na coesão e na competência para levar a cabo um trabalho altamente especializado e que depende em grande medida da qualidade do trabalho em equipa, fundamental nesta área clínica.

Em fevereiro do ano passado, a APCP afirma que fez chegar ao Ministério da Saúde as suas propostas para o PRR, através da consulta pública a que esteve sujeito o documento, considerando na altura que este Plano era “uma oportunidade extraordinária de corrigir assimetrias e desigualdades graves no acesso a serviços e a cuidados de saúde em Portugal” e que deveria ser dada a "devida atenção à implementação de ações objetivas que contribuíssem para medidas estratégicas e estruturantes, no desenvolvimento consistente dos Cuidados Paliativos em Portugal."

Nessa altura, a APCP identificou alguns pontos onde o PPR era omisso e apresentou medidas que se focavam na "necessidade de serem criadas Equipas e Unidades de Cuidados Paliativos, desde que fossem garantidos os recursos materiais e humanos, com formação e competência adequadas à prática dos cuidados paliativos especializados, destinados a crianças e adultos.” Defendeu ainda que existisse, em simultâneo, uma organização e estratégia que envolvesse todos os serviços onde estes utentes se encontram, quer sejam serviços de saúde, unidades de cuidados continuados ou estruturas residenciais (Lares).

Face a esta omissão, a APCP alerta para a falta de recursos humanos capacitados para responder adequadamente às necessidades paliativas dos doentes e famílias, quer em serviços específicos em Cuidados Paliativos, quer em serviços de saúde e respostas sociais, na sua generalidade.

No momento em que se prepara o uso dos fundos do PRR, a APCP mostra-se muito preocupada com o anúncio de mais “camas”, sem que haja uma verdadeira estratégia para acompanhar este investimento e sem que este se paute por um verdadeiro incremento dos recursos humanos, em número e em competência nesta área. 

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