“Ruptura” apresenta-nos um mundo distópico, regido por um sistema de pontos orquestrado ao sabor da hipocrisia. O sistema de pontos Ascensão é irreversível: uma vez dentro do sistema, para sempre dentro do sistema. As pontuações vão de 0 a 5 e o objetivo é simples: ascender, ascender, ascender... Que mundo estamos a construir quando a virtude se resume a um simulacro e a empatia se esgota no sorriso de uma selfie?

Em 2018, a Baal17, em conjunto com a Oficina de Teatro de Serpa e a comunidade local, levou a cena “Camino Real”, de Tennessee Williams. Um projeto ambicioso, desenvolvido em três fases, que culminou com 100 participantes em palco. Em “Camino Real” quisemos falar de muros (físicos e mentais) e também do isolamento a que cada um de nós se vota, confinando-se à sua ilha. Quisemos confrontar esse caminho, mostrar que outros são possíveis. Em comunhão. Em comunidade. Passados dois anos, juntámo-nos novamente para pensar um mundo em “Ruptura” (mal imaginávamos nós o que aí vinha). A ausência de empatia, os populismos, o artificialismo das relações humanas, o maniqueísmo de uma sociedade feita dos que sobem e dos que descem, são temáticas que fizeram parte do nosso esfoço conjunto de pensar criticamente a nossa comunidade e o nosso mundo. Ser mais humano e mais e melhor cidadão é possível, num caminho feito em comunhão. Em comunidade. Por mais difícil que pareça conciliar este conceito com o mundo pós-moderno ou a “sociedade líquida” em que vivemos. O espetáculo que agora se apresenta é o culminar de um projeto que teve início em janeiro de 2020. Da 1.ª fase do projeto, com apresentações públicas em novembro de 2020 e maio de 2021, fizeram parte a Baal17 e a Oficina de Teatro de Serpa. A esta 2.ª fase juntaram-se outras pessoas da comunidade, através das suas associações ou em nome individual, e inúmeros profissionais de várias áreas. Seremos cerca de 70 pessoas em palco. “Ruptura” pretende juntar a comunidade de Serpa em torno de um objeto artístico que é também um manifesto e uma voz comum de quem acredita que é possível viver uma Comunidade e que todos podemos contribuir para seu o desenvolvimento.

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