Santiago do Cacém acolhe "malabarismo poético" que 'viajou' desde o Algarve
Uma performance de “malabarismo poético”, que arrancou no concelho algarvio de Monchique, termina no sábado no município alentejano de Santiago do Cacém, após três semanas a percorrer caminhos rurais e trilhos da Rota Vicentina.
“A Grande Errância” é um espetáculo da companhia francesa Collectif Protocole e está a ser promovido no âmbito do projeto “Lavrar o Mira e a Lagoa – As Artes Além Tejo”, dinamizado pela cooperativa cultural Lavrar o Mar.
A performance arrancou a 09 de outubro, em Monchique, e percorreu dezenas de quilómetros até Aljezur e Odemira.
A “grande chegada” está prevista para esta tarde, às 16:00, no Parque Verde da Quinta do Chafariz, em Santiago do Cacém.
O espetáculo é protagonizado pelos malabaristas Paul Cretin-Sombardier, Thomas Dequidt, Sylvain Pascal, Valentina Santori, Pietro Selva Bonino e Johan Swartvagher, que têm andado em “errâncias malabarizadas” pelo território da costa vicentina e litoral alentejano.
“Durante este tempo, o/a malabarista partilha o que aprendeu, o que pensou, o que ensaiou e criou com todas as pessoas que se cruzarem no seu percurso, como um diário de viagem performativo que é oferecido a quem o encontrar”, explicou a Câmara de Santiago do Cacém, em comunicado enviado à agência Lusa.
De acordo com o diretor artístico da cooperativa Lavrar o Mar, Giacomo Scalisi, os malabaristas do Collectif Protocolo “reinventaram uma maneira de fazer malabarismo, que sai dos ‘chapitôs’ e dos espetáculos de salas e vai explorar um território”.
Em declarações à Lusa, este responsável acrescentou que “A Grande Errância” parte da “ideia de encontrar as pessoas e a cultura no território”, tendo contado com a colaboração de arquitetos, fotógrafos, bailarinos e atores, entre outros agentes locais.
“Convidámos pessoas que achámos que era interessante os malabaristas conhecerem e que também tinham alguma coisa importante a dizer sobre este território”, justificou Giacomo Scalisi.
“A Grande Errância” faz parte da programação do “Lavrar o Mira e a Lagoa – As Artes Além Tejo”, projeto que visa levar aos concelhos de Odemira e de Santiago do Cacém uma programação cultural regular com espetáculos de dança, música, teatro ou novo circo, entre outros.
A iniciativa é financiada pelas câmaras municipais de Odemira e de Santiago do Cacém e pelos programas operacionais Alentejo 2020 e Compete 2020, incluindo ainda os espetáculos “Bowing”, “Não” e “Campana”.
O primeiro é uma criação de Madalena Victorino e é apresentado em São Teotónio, no concelho de Odemira, nos dias 12, 13 e 14 de novembro, sempre às 19:00.
Trata-se de um espetáculo de música, dança, vídeo e palavra inspirado nas tradições da Índia, Nepal, Bangladesh e nas “outras culturas asiáticas que habitam as ruas de São Teotónio”.
Por sua vez, “Não” é uma peça de teatro assinada pelo próprio Giacomo Scalisi, a partir de textos originais e do “diálogo” com o escritor Afonso Cruz, que pretende falar aos mais novos “sobre a importância de se poder pensar em liberdade”.
Este espetáculo “aborda a ideia de como uma sociedade pode viver em liberdade sem ódio, sem criar monstros, antagonismos ou ditaduras e sem pessoas que são oprimidas”, explicou Scalisi, adiantando que a dramaturgia “cruza-se” em palco com a música e o canto polifónico.
Depois de já ter passado por várias escolas de Odemira, “Não” é apresentado esta segunda-feira, pelas 16:00, no Auditório Municipal António Chainho, em Santiago do Cacém.
A programação do “Lavrar o Mira e a Lagoa” inclui igualmente a apresentação do espetáculo de novo circo “Campana”, pela companhia francesa “Trottola”, em Odemira, nos dias 11 e 12 e 18 e 19 de dezembro, e em Monchique, de 26 de dezembro a 02 de janeiro.