“A colheita dos cereais para grão de outono/inverno está concluída, confirmando a atual campanha como a pior de sempre para todas as espécies cerealíferas, resultado dos decréscimos de área de produtividade”, lê-se nas previsões agrícolas, hoje divulgadas pelo INE.

O ano agrícola é, novamente, marcado pela seca, que atinge 96,9% do território do Continente, sendo que 34,4% dos quais estão em seca severa ou extrema (a Sul do Tejo).

De acordo com o mesmo documento, a “escassa produção de matéria verde para o pastoreio” levou a uma antecipação da suplementação da pecuária em regime extensivo, recorrendo a alimentos conservados.

Por exemplo, no Alentejo verificaram-se decréscimos de produtividade da matéria verde entre 20% e 80%, sendo que a maior descida ocorreu nos concelhos de Castro Verde, Ourique, Mértola e Almodôvar.

No entanto, a Norte do Tejo a situação “não assume a mesma gravidade, estando a suplementação com alimentos grosseiros armazenados e/ou alimentos concentrados mais próxima dos parâmetros normais”.

Os cereais semeados tardiamente, face às chuvas que ocorreram em dezembro e janeiro, foram “muito penalizados”, com um desenvolvimento fraco.

A falta de precipitação na primavera e as elevadas temperaturas também penalizaram o desenvolvimento dos cereais praganosos, o que promoveu o seu adiantamento e espigamento precoce.

Por sua vez, a instalação de culturas primavera/verão “decorreu com normalidade”, estando a campanha de regadio assegurada em 60 albufeiras.

Desde o ano passado, cinco albufeiras hidrográficas mantêm-se com restrições de rega.

O volume de água armazenada nas principais albufeiras com aproveitamento hidroagrícola em Portugal continental estava, em julho, a 66% da capacidade total, abaixo do valor registado no mês anterior (71%), mas superior ao mesmo mês de 2022 (61%).

Destaca-se a albufeira do Alqueva, na bacia hidrográfica do Guadiana, com um nível de armazenamento de 73%, três pontos percentuais abaixo da média dos registos de julho desde o encerramento das comportas e início do enchimento da albufeira (2002).

“De um modo geral, as culturas de primavera/verão apresentam um regular desenvolvimento, embora no caso do tomate para indústria se antevejam produtividades inferiores ao normal”, destacou.

Já os pomares de pereiras e macieiras devem registar decréscimos de produtividade de, respetivamente, 10% e 15%, enquanto a produção de cereja teve uma quebra de 55% face à campanha anterior.

A área de milho de regadio, por seu turno, deverá ser semelhante à semeada no ano anterior, estando esta cultura agora na fase do enchimento do grão, “com um bom desenvolvimento vegetativo e sem problemas fitossanitários relevantes”.

A maior parte dos arrozais estava, no final de julho, na fase de encanamento.

Esta cultura, de maneira geral, apresenta um “bom desenvolvimento vegetativo, embora com a presença de infestantes”, principalmente nas zonas litorais do Baixo Mondego e Vouga.

Nas regiões Norte e Centro, o desenvolvimento da batata de regadio foi favorecida pelas condições metrológicas.

“Na Península de Setúbal, a produtividade da batata de consumo foi idêntica à da campanha anterior, sendo que na batata para indústria foi superior, estimando-se um acréscimo global na ordem de 5%”, indicou.

Apesar das condições meteorológicas adversas, os pomares de pessegueiros apresentam produtividades a rondar as 10 toneladas por hectare, um valor próximo ao habitualmente registado.

Quanto à amêndoa, a produtividade global deve aumentar 15%, sendo que no Alentejo prevê-se um aumento de produtividade e em Trás-os-Montes a cultura teve um bom desenvolvimento vegetativo.

No caso das vinhas não se registam, em geral, acidentes sanitários de relevância e as vindimas devem ser antecipadas face ao estado de maturação dos frutos.

Estão previstos aumentos de produtividade em todas as regiões, exceto no Dão, devendo o rendimento unitário global atingir 42 hectolitros por hectare, mais 8% face à vindima de 2022.

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