SEF com oito inquéritos de auxílio à imigração, tráfico e exploração laboral em Odemira
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) revelou hoje que estão a decorrer oito inquéritos por suspeitas de auxílio à imigração ilegal, tráfico de pessoas para exploração laboral e falsificação de documentos no concelho de Odemira.
Questionado pela agência Lusa, o SEF, indicou que, no âmbito destes oito inquéritos, estão “a ser investigadas um total de oito entidades patronais e oito cidadãos na qualidade de suspeitos”.
Segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, só este ano, na Comarca de Odemira, foram registados um total de nove inquéritos, um deles “concluso” e “com proposta de remessa a outro órgão de polícia criminal”, não tendo o SEF “prosseguido com diligências investigatórias”.
Quanto aos restantes oito inquéritos em curso, adianta que “não se verifica a existência de arguidos”, existindo apenas “suspeitos da prática de auxílio à imigração ilegal, tráfico de pessoas para exploração laboral e falsificação de documentos”.
De acordo com o SEF, em 2020, residiam no concelho de Odemira, no litoral alentejano, 9.615 cidadãos estrangeiros, a maioria oriunda de países como a Índia, Paquistão e Nepal, sendo a agricultura, “onde abundam as estufas de pequenos frutos”, o setor de atividade “que mais imigrantes emprega”.
O SEF refere ainda que tem desenvolvido ações de sensibilização, fiscalização e de investigação criminal, acautelando a situação de eventuais vítimas de tráfico de seres humanos, em colaboração com várias entidades, entre elas a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), GNR e Segurança Social.
Na sexta-feira cumprem-se seis meses desde que o Governo decretou a cerca sanitária às freguesias de Longueira/Almograve e São Teotónio, no concelho de Odemira, devido à elevada incidência de covid-19, sobretudo entre trabalhadores migrantes das explorações agrícolas.
Os casos de covid-19 detetados, entre os trabalhadores, denunciaram as condições desumanas em que viviam, com casos de sobrelotação de habitações, obrigando a realojamentos na Pousada da Juventude de Almograve e na Residência para Estudantes do município alentejano.
Devido à cerca sanitária, o Governo determinou a requisição civil do empreendimento Zmar, em Odemira, para alojar pessoas em confinamento obrigatório ou permitir o seu “isolamento profilático”, tendo os moradores apresentado uma providência cautelar que foi aceite pelo tribunal.
A cerca sanitária em Longueira-Almograve e São Teotónio, decretada pelo Governo em 29 de abril e que vigorou a partir do dia seguinte, devido à elevada incidência de casos de covid-19, foi levantada no dia 12 de maio.