Foto: Justino Engana

Em declarações à agência Lusa a propósito da situação no Hospital de Setúbal, onde 87 médicos pediram a demissão, entre eles o diretor clínico, o secretário-geral do SIM, Jorge Paulo Roque da Cunha, lembrou o caso da urgência de obstetrícia do Hospital de Beja, que esteve fechada no fim de semana.

“O difícil é encontrar um hospital sem problemas destes”, afirmou o dirigente sindical, sublinhando ainda os casos das equipas de urgência dos hospitais do Algarve, Alentejo, de Leiria e de Vila Franca de Xira, que, disse Roque da Cunha, o SIM visitará na segunda-feira.

“Há um conjunto de imenso de situações que não podem ser escamoteadas. Ainda por cima porque sabemos que estas situações são mitigadas com 150 milhões de euros de recurso a empresas de prestação de serviços e com o esforço dos médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), com oito milhões de horas extraordinárias de trabalho médico, o que é uma enormidade”, considerou.

A propósito das horas extraordinárias, Roque da Cunha deu o exemplo do serviço de obstetrícia do Hospital de Setúbal, onde médicos com horário de 40 horas já têm cerca de 600 horas extraordinárias este ano.

“Não é admissível. Estas pessoas, que são altamente qualificadas e altamente experientes, só por grande amor ao SNS é que se mantêm”, afirmou.

Apontou ainda o esforço de muitos médicos com mais de 55 anos que, apesar de poderem não o fazer, continuam a assegurar urgências.

O dirigente sindical apontou ainda a difícil situação nos hospitais de Leiria e Castelo Branco, sublinhando que “são dezenas de situações que não são pontuais”.

Roque da Cunha lembrou ainda que este ano deverão reformar-se 1.500 profissionais dos hospitais e 1.300 médicos de família, considerando que “é outra circunstância que é preciso encarar”.

“Dizem que contrataram 2.000 médicos. O importante é saber quantos é que nos últimos quatro anos saíram. Foi muito mais do que isso”, concluiu.


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