Sines acolhe exposição com cerca de 60 peças da Coleção Gulbenkian
Cerca de 60 peças da Coleção Gulbenkian, entre pintura, gravura, escultura e literatura, vão poder ser apreciadas em Sines, na exposição “Risco A-Risco”.
A exposição, no âmbito do projeto Gulbenkian Itinerante, vai estar patente ao público no Centro de Artes de Sines (CAS), a partir de hoje e até 18 de junho, indicou o município, em comunicado.
Com curadoria de Ricardo Pereira, a mostra “procura explorar canais de ligação entre o território de Sines e o universalismo da Coleção Gulbenkian”.
Como “ponto de partida”, a exposição apresenta “uma das mais importantes peças do património cultural siniense”, o livro intitulado “Exemplar da Constancia dos Martyres em a Vida do Glorioso S. Tórpes”, publicado por Estêvão de Liz Velho, em 1746.
A obra integra “uma das primeiras gravuras de um objeto arqueológico publicadas em Portugal”, a de “uma placa de xisto gravado com mais de 5.000 anos”, datada “do Neolítico Final/Calcolítico” e “cujo mistério tem fascinado gerações de eruditos e artistas”, realçou o curador da mostra, citado no comunicado.
A exposição em Sines, a inaugurar esta tarde, às 16:00 horas, inspira-se no “trabalho pioneiro de Calouste Gulbenkian” e reúne “obras provenientes de três dos pilares da Fundação: o Museu Calouste Gulbenkian, o Centro de Arte Moderna e a Biblioteca de Arte”.
Os visitantes vão poder apreciar “cerca de 60 peças” da Coleção Gulbenkian e “algumas peças de Sines, com destaque para o livro” que representa a xilogravura “e um livro de artista de Al Berto (1948-1997), com textos e ilustrações do poeta”, disse à agência Lusa Ricardo Pereira.
Segundo o curador, no comunicado da câmara, “Calouste Gulbenkian partilhava com eruditos e artistas a mesma paixão pelas obras de arte, que admirou e colecionou, e pelos livros que as dão a conhecer, muitos dos quais são, eles próprios, verdadeiras obras de arte”.
Ricardo Pereira sustentou que “muitos projetos artísticos trabalham o livro, quer como meio – em livros de artista – quer como material de colagem ou desconstrução, explorando, entre outros, o potencial plástico dos carateres e caligrafias que dão forma à palavra”.
“Também alguns escritores entraram por este campo, criando obras de poesia visual, onde a forma do poema dialoga com o seu conteúdo”, disse.
E, “outras vezes, é a força intemporal de um livro de antiguidade que ressurge em cada nova edição e nas gravuras feitas para as ilustrarem ou divulgarem quadros que neles se baseiam”, sublinhou Ricardo Pereira, numa referência ao livro de Estêvão de Liz Velho.