Transposta no calendário a fronteira do solstício estival, momento para celebrar o Verão, os campos alentejanos oferecem agora um cenário dourado, herdeiro do viço que a Primavera ali deixou. Em Alter do Chão, a 2 de Julho (21h30), o Cineteatro será o palco de mais um fim-de-semana sob os auspícios do Festival Terras sem Sombra (FTSS), em parceria com o Município local. O sexto momento da sua 18.ª temporada vai contar com um recital que visita obras de compositores portugueses, franceses e austríacos, num verdadeiro fresco musical à estação dos recomeços e da esperança.

“O Triunfo da Primavera: Canções de Debussy, Poulenc, Fragoso, Lacerda, Schubert e Wolf” reúne, num programa excepcional, duas artistas de referência, Carla Caramujo e Lígia Madeira. Esta noite, em Alter do Chão, será um momento mágico para enveredar diferentes geografias musicais, com o denominador comum europeu, num fio musical que levará o público do século XIX ao período contemporâneo.    

Este projeto envolve cerca de centena e meia de alunos do agrupamento escolar de Alter do Chão que, acompanhados pelos respectivos professores, interagiram de perto com as artistas na preparação do concerto. Um trabalho de formação de novos públicos para a música erudita, interagindo de perto com as famílias, e cujos resultados vão ser dados a conhecer na mesma ocasião, através da iniciativa “Terras sem Sombra Kids”, do FTSS, numa exposição no Cineteatro de Alter.

Carla Caramujo é uma das mais aclamadas sopranos portuguesas da atualidade, tendo vencido, entre outros certames, os seguintes: Concurso Nacional Luísa Todi, Musikförderpreis der Hans-Sachs-Loge (Nuremberga), Dewar Awards, Chevron Excellence e Ye Cronies Awards (Reino Unido). É diplomada pela Guildhall School of Music and Drama (Londres) e pelo Royal Conservatoire of Scotland (Glasgow). Tem realizado um brilhante percurso operático, brilhando em palcos da Europa, da América e da Ásia.

Lígia Madeira, também distinguida em concursos de música nacionais e internacionais, atuou, na qualidade de solista, com a Orquestra Sinfónica da ESMAE, a Orquestra Sinfónica do Porto e o Coro da Casa da Música. Apresenta-se regularmente a solo ou em dispositivos de Música de Câmara. É professora de Piano no Conservatório de Música do Porto.

Visita à “Identidade e Património: A Vila e a Freguesia de Seda”, referências históricas do Alto Alentejo.

Noutro horizonte temático, igualmente apegado aos valores culturais, a actividade que antecede o grande recital de sábado vai deter-se no tema “Identidade e Património: A Vila e a Freguesia de Seda”. Com ponto de encontro em Alter, neste mesmo sábado, na Casa do Álamo (15h00), belíssimo exemplar de uma antiga casa senhorial, os participantes serão convidados a conhecerem um território privilegiado do concelho, cujo povoamento ascende a épocas pré-romanas, testemunhado pelas antas ali identificadas.

A presença romana na região, por seu turno, mantém-se intacta à passagem do tempo e das águas, como é o exemplo da ponte de Vila Formosa, ainda hoje em uso, a mais notável do Sul de Portugal. Do rico património local de Seda fazem parte, além de importantes monumentos religiosos, militares e civis, um acervo de tradições orais dignas de muita atenção e uma doçaria notável a vários títulos


“Economia, Sociedade e Biodiversidade: O Mel”, tema para uma ação em torno de um produto que é marca de sustentabilidade ambiental.

Para concluir o fim-de-semana, a manhã de domingo, 3 de Julho (09h30), terá por mote o universo do mel, produto que é marca da sustentabilidade ambiental e que decorre de uma atividade que faz uso sustentável dos recursos naturais e matérias-primas. Mel que constitui, há que assinalá-lo, elemento relevante da dinamização da economia de Alter do Chão, um dos principais concelhos melíferos do país.

A atividade sob o tema “Economia, Sociedade e Biodiversidade: O Mel”, proporá uma visita a um dos produtores do concelho, uma empresa de cariz familiar que se formou a partir do sonho de João Ferreira, nascido na Aldeia de Cunheira, e abarcou as duas filhas, Ana e Maria João. Em resposta à massificação da indústria moderna, João Ferreira decidiu regressar à sua terra. Aos 60 anos, realizou nada menos do que três cursos técnicos no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa; inscreveu-se na Associação de Apicultores de Portalegre; chamou a família; e recuperou as centenárias oliveiras da propriedade e o método tradicional de produção de mel. Um caso de sucesso que ajuda a combater a desertificação do interior e pode servir de orientação a outros empreendedores.

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