Terras sem Sombra: Música, Património e Biodiversidade em Barrancos
O programa do fim-de-semana inaugural do Festival, em 19 e 20 de junho, tem como destaque a atuação dos Les Abbagliati no Cineteatro de Barrancos, sábado às 21h30. A par do momento musical, o fim-de-semana integra ainda as ações de Património e de Salvaguarda da Biodiversidade.
No concerto dos Les Abbagliati, em formato de quarteto, o agrupamento apresenta-se com a cantora Soetkin Elbers (soprano), Sien Huybrechts (flauta), Rona Kernoa (violoncelo e viola da gamba) e Dimos de Beun (cravo), artistas-chave no panorama da música europeia da atualidade.
Les Abbagliati apresentam um programa intitulado “As Harmonias do Amor: Paixão e Superação na Música Barroca”, que integra peças dos compositores Händel, Bononcini, Scarlatti, d’Astorga e Vivaldi. O nome do agrupamento – em português, Os Deslumbrados –, traduz bem o deslumbramento por um património artístico do Barroco, um período que marcou indelevelmente a História da Música.
Do programa inaugural do TSS 2021, em Barrancos, fazem ainda parte as ações de Património e de Salvaguarda da Biodiversidade.
Na tarde de sábado, dia 19 (15h00), realiza-se uma visita guiada pela vila de Barrancos, intitulada “Entre o Alentejo e a Andaluzia”. A peculiar história da localidade será pretexto para um olhar e reflexão acerca das particularidades do urbanismo e da arquitetura (tradicional e erudita), numa zona raiana profundamente marcada pelo encontro das tradições construtivas do Alentejo e da Andaluzia, a que Barrancos imprimiu um cunho próprio.
No que respeita à atividade de património natural, o convite é para domingo, a partir das 9h30, com ponto de encontro no Jardim do Miradouro, participar na observação da geodiversidade do Vale da Ribeira de Múrtega, sob a orientação do geólogo João Matos, do Laboratório Nacional de Geologia e Energia.
Esta ação decorre ao longo da ribeira de Múrtega, entre a nascente da Pipa e a histórica mina de cobre de Volta Ferreira, cuja exploração, iniciada na Antiguidade, voltou a realizar-se, com significativa intensidade, durante o século XIX. Trata-se de um percurso marcado pelo uso da água em terrenos de rochas sedimentares com idades entre o Ordovícico Superior e o Devónico inferior (cerca de 458 a 391 milhões de anos). No trajeto serão observados sedimentos, predominantemente marinhos, das formações geológicas Colorada, Xistos com Nódulos, Xistos Raiados e Monte das Russianas, datadas com base em fósseis (v.g. graptólitos, braquiópodes, trilobites, lamelibrânquios, coraliários, crinoides, restos de vegetais, pistas orgânicas) e microfósseis (algas, esporos). Na antiga mina de cobre filoniano, a observação incidirá sobre minerais como a malaquite, a azurite, o quartzo e diversos carbonatos. O percurso desenvolve-se por um vale estreito marcado pelo relevo dos quartzitos da formação de Colorada e por áreas mais amplas, situadas a montante da azenha da Pipa, com arvoredo disposto em densas galerias ripícolas.