O objetivo da iniciativa é dar a conhecer uma prática ancestral e sensibilizar para a salvaguarda de um produto alentejano de excelência. Guia esta visita uma notável conhecedora da matéria, a técnica municipal e investigadora Maria Goreti Margalha, doutorada em Engenharia Civil e docente no Instituto Superior Técnico.

A cal é um aglomerante aéreo mineral, produzido a partir de rochas calcárias, que reage em contacto com o ar. Pode ser considerada o mais antigo produto manufaturado da Humanidade. Em Trigaches, existe uma velha tradição de fabrico de cal em fornos, aproveitando os resíduos do mármore do mesmo nome, material que abunda na zona e tem alimentado a construção da cidade e da região de Beja ao longo dos tempos. Após um processo químico obtido através da sua cozedura, aproximadamente a 900o C, obtém-se cal viva. Este processo depende das dimensões do forno, do tipo de pedra utilizada, da qualidade do combustível e, até, das condições meteorológicas. Nos fornos de Trigaches, interessantes exemplares de arquitetura vernacular, a tarefa demorava cerca de 8 a 9 dias, envolvendo o trabalho de pelo menos três homens, dia e noite, para que a combustão ocorresse de forma contínua. Indústria artesanal de carácter eminentemente familiar, encontra-se hoje bastante reduzida, mas a cal saída dos fornos de Trigaches constitui um produto de excelência.

O Festival Terras sem Sombra é uma temporada cultural que, em itinerância por diversos concelhos do Alentejo, propõe um programa que abarca a música erudita, o património e a salvaguarda da biodiversidade. As atividades acontecem aos fins-de-semana e são de entrada livre, sujeitas às regras sanitárias em vigor decorrentes da atual situação pandémica.

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