Trabalhadores da Câmara da Vidigueira admitem avançar para via judicial
Os trabalhadores da Câmara Municipal da Vidigueira, no distrito de Beja, que pernoitaram em tendas, de segunda-feira para hoje, numa vigília para denunciar situações de assédio moral e psicológico, admitem avançar para a via judicial. Em comunicado, a autarquia refuta por completo as acusações.
Foto: SINTAP
“Está em análise no nosso departamento jurídico avançar para a via judicial com processos de assédio moral e psicológico", disse à agência Lusa o coordenador da secção regional do Alentejo do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (SINTAP), Joaquim Grácio Ribeiro.
O dirigente adiantou que é ainda intenção avançar "com uma participação à Inspeção-Geral de Finanças para que [esta] investigue certas irregularidades praticadas há vários anos nesta autarquia”.
Na ação de vigília e protesto, convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (SINTAP), participaram seis pessoas, entre trabalhadores do município, liderado pelo comunista Rui Raposo, delegados e dirigentes sindicais.
“Montamos as tendas junto ao edifício da Câmara Municipal e pernoitamos no local […], não foi fácil, dormimos muito pouco”, relatou o dirigente, acrescentando que no local havia “cerca de 11 cartazes a apelar ao fim das perseguições, do assédio moral e psicológico”.
Hoje de manhã, juntaram-se ao grupo de manifestantes “mais sete ou oito colegas”, num “protesto pacífico que terminou às 11:00”, contou.
Segundo Joaquim Grácio Ribeiro, a vigília “teve algum efeito prático”, uma vez que o grupo conseguiu interpelar o presidente da Câmara da Vidigueira, junto ao edifício camarário, com o objetivo de o sensibilizar a receber o grupo.
“Esperamos que esta perseguição aos nossos associados, principalmente, termine e aos trabalhadores em geral e que haja paz social, que é o que pretendemos”, resumiu.
Na segunda-feira, o dirigente explicou à Lusa que a vigília pretendia denunciar situações de “assédio moral e psicológico tremendo, com processos disciplinares infundados” aos trabalhadores e associados no SINTAP.
De acordo com o sindicalista, no último ano “já foram pedidas quatro ou cinco reuniões” à Câmara Municipal da Vidigueira, sem sucesso, o que demonstra “uma falta de respeito pelo SINTAP”.
Joaquim Grácio Ribeiro disse ainda à Lusa que os trabalhadores estão preocupados “com uma auditoria interna” realizada à autarquia, assim como “uma série de irregularidades, que foram debatidas em Assembleia Municipal, de suplementos pagos indevidamente e outros que deveriam ser pagos e não foram”.
A agência Lusa tentou contactar o presidente da Câmara Municipal da Vidigueira, mas não obteve qualquer resposta até ao momento.
Em comunicado emitido ontem, a autarquia assegura que "não distingue os seus trabalhadores pelo fato de estes serem ou não sindicalizados e muito menos por estes pertencerem a uma determinada estrutura sindical".
Afirma ainda que "valorizamos de forma reiterada e sistemática o contributo que os trabalhadores do município dão no dia a dia para a melhoria da qualidade de vida do nosso concelho", reiterando a sua total e permanente abertura para, em diálogo com os trabalhadores e com as suas estruturas sindicais, continuar a pugnar pela defesa e valorização de todos os trabalhadores da autarquia.