Volta ao Alentejo: Lamperti escapou às quedas para vestir a primeira amarela
Luke Lamperti (Trinity) sprintou hoje para a camisola amarela da Volta ao Alentejo em bicicleta, impondo-se em Ourique no final de uma primeira etapa marcada por quedas, para ‘inaugurar’ o seu palmarés esta temporada.
O jovem norte-americano, de apenas 20 anos, bateu o cotado Cyril Barthe (Burgos-BH) no final dos 168,8 quilómetros desde Beja, cortando a meta com o tempo de 03:54.24 horas, o mesmo registado pelo terceiro classificado, o seu companheiro Max Walker, e por Rafael Silva (Efapel), o melhor português, no quarto lugar.
Graças à vitória de hoje, a primeira desta temporada e a quinta da carreira em elites, o sorridente Lamperti vestiu a camisola amarela, liderando a geral com três segundos de vantagem para Barthe, seis para Walker e nove para Rafael Reis (Glassdrive-Q8-Anicolor), numas contas ‘explicadas’ pelas bonificações distribuídas na tirada.
“É muito bom ganhar a primeira etapa, encara-se o resto da prova com mais confiança. Estivemos muito bem enquanto equipa hoje, os outros rapazes estiveram absolutamente perfeitos. Penso que podemos transportar isso para os próximos dias”, disse já depois de subir ao pódio.
Muito antes de Lamperti erguer os braços em Ourique, Beja testemunhou o início da 40.ª edição da ‘Alentejana’, que arrancou a alta velocidade – na primeira hora da prova, a média foi de 47 km/h, impulsionada por várias tentativas de fuga, só concretizada precisamente ao quilómetro 47 dos 168,8 da primeira tirada.
Rafael Reis e Fábio Costa (Glassdrive-Q8-Anicolor), Carlos García Pierna (Kern Pharma) e Hector Sáez (Fonte Nova-Felgueiras) isolaram-se na frente e conseguiram uma vantagem superior a três minutos, que haveria de rondar os quatro quando o espanhol da equipa sucedânea da W52-FC Porto (até no ‘staff’) descolou, ao quilómetro 71.
O trio da dianteira perdeu elementos quando Costa caiu, na passagem por Mértola, com Reis a ficar temporariamente sozinho, até ser novamente alcançado pelo menos conceituado dos irmãos García Pierna, já depois de passar na frente na meta volante e na contagem de montanha instaladas naquela localidade.
“Não tivemos muita sorte. Fomos para uma fuga comigo e com o Fábio. A jogada era o Fábio fazer o máximo de segundos possível nas metas volantes, mas ele caiu. Fui eu que passei [na frente] na meta volante de Mértola e aproveitei e fui à montanha”, descreveu o primeiro camisola da montanha desta edição da Volta ao Alentejo.
O medalhado de ouro no contrarrelógio dos Jogos Mediterrâneo Oran2022 e o espanhol da Kern Pharma tinham mais de dois minutos de vantagem para o pelotão, liderado por Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua, Caja Rural e Trinity, a 50 quilómetros da meta, mas esta margem caiu acentuadamente na aproximação a Ourique.
A fuga foi anulada à passagem da meta volante de Almodôvar, a pouco menos de 30 quilómetros da meta, numa altura em que a Efapel e a Trinity impunham o ritmo na dianteira de pelotão para assegurar que a luta pela primeira etapa aconteceria ao sprint.
E assim foi: apesar de uma queda dentro dos últimos três quilómetros ter derrubado grande parte do pelotão – foram mais os ciclistas que chegaram ‘cortados’ do que aqueles que integraram o primeiro grupo a passar a meta -, a discussão na empinada chegada a Ourique aconteceu entre homens rápidos, com Lamperti a levar a melhor.
“Podem esperar uma corrida agressiva da nossa parte. Viemos aqui para ganhar. Vamos tentar conquistar mais etapas e a geral”, assumiu o norte-americano, garantindo que a Trinity tem outros ciclistas para lutar pela amarela final.
A queda nos últimos três quilómetros não provocou diferenças na meta – como ditam os regulamentos -, mas deixou alguns dos favoritos à vitória final em posições surpreendentes na classificação geral, nomeadamente o campeão em título Orluis Aular (Caja Rural) ou o uruguaio Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor), o vencedor de 2021, que são, respetivamente, 96.º e 98.º, a 14 segundos do líder da geral.
“Sem montanhas importantes, as diferenças na geral no final podem ser relativamente pequenas, por isso os segundos de bonificação são muito importantes”, notou à agência Lusa Lamperti, admitindo que, na quinta-feira, nos 170,8 quilómetros da ligação entre Castro Verde e Grândola, vai lutar pelas bonificações nas três metas volantes da segunda etapa.