A Bússola Atual aponta ao Calisto e a Reguengos de Monsaraz.
Aos poucos voltamos às viagens cá dentro e aos momentos felizes. A viagem de hoje passa-se no coração do Alentejo, em volta da capital do vinho.
Rumo a Reguengos de Monsaraz, no sentido norte-sul, um dos acessos pode ser feito por Évora pelo IP2, seguido da N256, ou na direção sul-norte através de Beja pela mesma IP2, a caminho da N255. À medida que nos aproximamos da cidade de Reguengos, aumentam as extensões de vinha. São infindáveis nesta região, e todas refletem o zelo incondicional dos produtores.
Iniciamos com uma visita ao património histórico de Reguengos de Monsaraz, sempre pelo meio das boas gentes desta terra e de alguma azafama que, se tivermos atentos, pressente-se nos trabalhadores locais, apetecendo desde logo fazer uma pausa numa bonita esplanada. Ideal para absorver a calmaria do Alentejo e nos preparar para um dia em cheio.
A 10 minutos de distância de Reguengos, pela estrada M514, encontram-se as olarias de São Pedro do Corval a não perder. Neste centro oleiro, dizem, o mais antigo do país, cada artesão segue os seus traços próprios, visíveis nas decorações distintas das peças de barro.
Como nem só de cerâmicas vive esta terra, foi por aqui, num dos restaurantes mais centrais, que se provou o tinto Joaquim Calisto, um genuíno DOC Alentejo produzido numa das pequenas adegas de referência da região de Reguengos.
A Adega do Calisto, situa-se na Quinta da Várzea, na estrada nacional 255, em Reguengos de Monsaraz e possui atualmente 32 hectares de vinha. No passado, o local tinha vinhas centenárias e foi aqui que os Calisto se estabeleceram, no inicio dos anos 80, com uma produção tipicamente familiar. E foi no decorrer de 2004 que instalaram uma adega adequada à sua produção e requisitos. É aqui que somos recebidos com um sorriso aberto e onde se podem adquirir os vinhos produzidos, que também estão disponíveis em algumas lojas da região.
O vinho DOC Alentejo Joaquim Calisto colheita especial tinto de 2018, com 14% de grau, foi produzido essencialmente com Touriga Nacional e Syrah. Um tinto alentejano genuíno, encorpado na boca, fresco e aromático com especiarias compostas, mas suave na garganta. Encontrada mais uma combinação perfeita para acompanhar umas migas com carne. Migas alentejanas, uma herança gastronómica a preservar e sempre um prazer!
Depois de almoço segue-se para a vila medieval de Monsaraz, um encanto e um dos ex-libris de Portugal. No trajeto, continuando pela estrada municipal 514, disfrute dos campos completamente floridos que ladeiam a estrada nesta época, formando um verdadeiro espetáculo de cores. Antes de entrar nas muralhas existem vários parques de estacionamento com diferentes orientações e altitudes, um bom princípio para perceber a dimensão das águas do Alqueva, que agora se apresentam a mais de 90% da sua cota máxima.
Já dentro da vila medieval, em pleno desconfinamento, pode-se pausar nas pequenas tascas e melhor ainda, abraçar “o mar” que se avista!
Sugere-se também, planear para assistir ou participar num evento mais radical, tal como uma prova de trail em Monsaraz, já a partir de maio. E porque sim, fazer um dos percursos pedestres disponíveis. Uma excelente ideia para aproveitar melhor este circuito, e esticar o tempo por aqui passado, pois a região é reconhecida também pelas excelentes condições ambientais que convidam às atividades em outdoor. Agora que é possível, desfrutem!
Fotos: C M Reguengos de Monsaraz e Anabela Pereira