Nascida em Lisboa, bem poderíamos dizer que Celina da Piedade é do Alentejo, tal a autenticidade e o respeito com que investiga, trata e interpreta o nosso cancioneiro.

Quem já a viu em palco reconhece-lhe o imenso carisma. Celina da Piedade é compositora, acordeonista e cantora, e tem levado a sua criatividade aos mais variados contextos, da música de tradição a um sentir mais contemporâneo e universalista, passando por toda a riqueza do Cante Alentejano mas também a energia do folk e da música pop.

Esta semana apresentou ao público o seu quarto disco a solo, “Ao vivo na Casinha”, gravado no mítico estúdio dos Xutos & Pontapés, cheio de novidades musicais e também novas versões de alguns dos temas mais emblemáticos do seu repertorio.

Nos vários formatos de apresentação em palco a que nos tem habituado, seja a solo, acompanhada pela sua banda ou com convidados (como Rodrigo Leão, Tim, Vitorino, Uxia, João Gil, entre outros), acompanhada por grupos corais ou até no seu muito especial formato de concerto “Celina da Piedade e as Vozes do Cante”, desenha uma música cheia de alma e de personalidade, que, em palco, ganha com a sua formidável presença e sentido de partilha artística.

Para além da sua relação profissional com a música, é uma ouvinte diária de música, que considera “uma grande companhia”. Em casa vai ouvindo música ao longo do dia, até no banho e muitas vezes para adormecer.

Prefere como suporte o  CD ou o Spotify. Ouve muita música no rádio do carro, e espante-se, nas “velhinhas cassetes” onde aproveita para ouvir coisas mais antigas.

Tenta ir o mais possível a concertos ao vivo (que não apenas os seus), mas reconhece que não vai a tantos quanto gostaria! Diz que aproveita os festivais em que toca para ir espreitar os concertos de outros artistas em cartaz, até porque tirando essas oportunidades, a tendência é para estar também ocupada com trabalho nos dias mais usuais para concertos!

As suas grandes influencias musicais são desde muito miúda o que então era conhecido como MMP- Música Moderna Portuguesa, e muitos desses nomes que escutava- Madredeus, Sétima Legião, Sitiados, Os Poetas- influenciaram-na como música!

Mais tarde Fausto, Né Ladeiras, Gaiteiros de Lisboa, Danças Ocultas, e sem dúvida Rodrigo Leão, quase todos artistas com quem acabou por tocar e por marcar muito a sua linguagem musical.

Paralelamente passou a ouvir muita World Music e também muito Folk Europeu, nomeadamente muita música vinda da Galiza, do País Basco, da Catalunha, da França, da Irlanda, algum Jazz Fusão e música antiga. Ou seja, nas suas próprias palavras, “um imenso caldeirão de influências!

Quando lhe pedimos que eleja um músico como seu preferido, a escolha recai em Kepa Junkera, que destaca pelo seu percurso como tocador de trikitixa (concertina basca) e pela forma como conseguiu quebrar as barreiras que muitas vezes impedem artistas que são só instrumentistas de terem sucesso e projeção além-fronteiras.

Na escolha do seu tema favorito, Celina da Piedade escolhe “Mon Carrousel”, um tema que compôs com Mayra Andrade, para o álbum “Storia Storia”, da cantora cabo-verdiana.

Apesar de considerar ser uma escolha tendenciosa, Celina, revê nessa música e na voz da Mayra um momento muito bonito da sua vida e do seu percurso como compositora.

Na playlist que fez para O Atual, Celina da Piedade leva-nos à descoberta de algumas das músicas da sua vida.

Aproveite o seu fim de semana para as ouvir!