ELEICÕES PERTO

Suporte democrático, foi falar para convencer. Foi. Agora não conta. Faltam as palavras, palavras políticas, sobram-nos os slogans, as frases feitas, copiadas até ao enjoo. Importadas das urbes grandes (que Portugal não tem). A política já foi uma questão de palavras, de raciocínios com lógica, explicativos das ideias próprias. A democracia é a palavra, mais que o diálogo, é ouvir a palavra, as ideias explicadas de cada um, as etapas do raciocínio, a sequência e sentido da argumentação. E escolher, conscientemente, em função disso. Para decifrar pensamentos, em frases curtas, está a poesia.

Estamos aqui, neste Alentejo onde chegou a, por todos chorada, água. Regadio, palavra antes ansiada e de momento embaraçosa. O desejado Alentejo em verde vivo está aí. Os políticos, atualmente, amantes do “Verde”, sintomaticamente, preferem mais o amarelo da secura pré desértica. E os locais, os da política local, não têm, ou não mostram uma ideia estruturada sobre o pleno sucesso da agricultura com água (pleonasmo). Temos o absoluto ridículo de gente, do mesmos partidos, clamar por água nos municípios onde o regadio não chegou e tentar proibir a rega nos que foram beneficiados, lançando anátemas até sobre as culturas autóctones maioritariamente, e bem, utilizadas no território. “Não se trata de saber ou não saber, mas sim do que necessita aparentar cada qual.” já diz A. Perez-Reverte em “Linha de Fogo” Alfaguara 2020.

Entender o que funciona, como funciona, porque funciona, quais as debilidades, até onde vai o potencial, como enquadrar uma economia pujante (de momento), para benefício de mais ainda. Todos. De todos os partidos, vêm a realidade. Ou não?

Será que a total dissociação com a ruralidade envolvente e economicamente ativa é o objetivo dos candidatos? A consolidação das cidades e vilas alentejanas como quistos “urbanos” no meio do campo, vai trazer gente de fora e felicidade aos que cá estão?

Faltam as palavras pensadas e refletidas, de todos, sobre a economia em que assenta a região. Sobram as questões das pequenas obras, inerentes às vésperas de eleições, as competições (que fariam morrer de riso Brito Camacho) inter municipais da melhor praia… Como sobra, por demagógico, o sonho aeroportuário. Não vá o diabo concretiza-lo, ficando então tão tristes como com o sucesso de Alqueva, começando depois a pensar reduzir os voos.

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